Muito Além da Tristeza: Como Identificar a Depressão em Idosos

A depressão vai além de uma simples tristeza passageira. Trata-se de um transtorno que afeta o humor, a energia, o pensamento e até o funcionamento físico e social.

Pode se manifestar de forma clássica — com tristeza profunda e perda de interesse pelas atividades habituais — ou de modo “mascarado”, trazendo queixas como dores persistentes sem causa aparente, esquecimentos constantes e isolamento social.

Principais sintomas:

  • Humor deprimido: tristeza persistente, apatia ou desesperança
  • Perda de interesse: falta de prazer em hobbies, convívio social ou atividades que gostava de realizar antes (como pratica de atividade física, tocar algum instrumento, leitura..)
  • Alterações no sono e apetite: pode se apresentar como insônia ou sono excessivo, perda ou ganho de peso
  • Falta de energia: sensação de cansaço constante
  • Queixas físicas sem explicação: dores musculares, dores de cabeça, tonturas
  • Déficits cognitivos: dificuldade de atenção, memória e tomada de decisões — frequentemente confundidos com demência
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa: pensamento de ser um fardo, sensação de que viver não vale a pena ou desejo de morte

 

Avaliação geriátrica e planejamento terapêutico:

Após notar algum desses sintomas, é essencial buscar uma avaliação geriátrica. Na consulta, revisamos o histórico de saúde e os medicamentos utilizados pelo paciente. Podemos utilizar também ferramentas de rastreio como a Escala de Depressão Geriátrica (GDS), desenvolvida para identificar depressão em idosos.

Avaliamos ainda testes de memória e atenção, com o objetivo de diferenciar a depressão de um quadro demencial, às vezes complementados por exames de imagem cerebral, como tomografia e ressonância.

Investigam-se também fatores que podem causar ou piorar o quadro — como anemia, alterações da tireoide, dores crônicas, efeitos de medicamentos e tristeza por perdas recentes (“luto complicado”).

A depressão na terceira idade é grave, mas tem tratamento. O diagnóstico precoce, aliado a uma avaliação geriátrica cuidadosa, permite um plano de tratamento farmacológico, focado nos sintomas e comorbidades específicos de cada paciente, além das orientações de mudanças no estilo de vida, como exercício físico regular, higiene do sono, atividades em grupo, hobbies e alimentação saudável.

Como geriatra, meu papel é fundamental na identificação precoce e no cuidado contínuo, promovendo não apenas a recuperação emocional, mas também a qualidade de vida, autonomia e bem-estar dos idosos.

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